Meu pai era protestante e resolveu ser missionário. Então vendeu tudo o
que tínhamos. Casa, sítio, uma camionete e fomos viver em uma cidade do
interior.

Lembro nessa época que minha mãe fazia marcação cerrada de todos os meus
passos.

Nessa época entrei na puberdade e passei por muitas
coisas estranhas. Para começar, foi aí que se intensificou o meu desejo por pés
masculinos. Antes reparava nos pés dos meus tios, mas agora começava a reparar
nos pés dos meus amigos e amigos do meu pai.

Queria mesmo era ter esfregado nas solas do meu amor platônico.
Gostava tanto dele que chegava a sentir ciúmes. Ele se afeiçoou mais ao
meu irmão que era mais velho. Apesar de ter a mesma idade que a minha. Certa vez
tive um ataque de ciúmes e a irmã dele percebeu e ficou falando sobre mim para
as meninas.
Dei muita bandeira naquele dia. Pena que não sabia controlar meus
sentimentos. Acho que isso só acontece quando a gente fica mais velho. Na puberdade
e na adolescência damos muita cabeçada.

Nessa época já morávamos em São Paulo capital. Meu pai conciliava o serviço missionário da igreja com viagens ao Paraguai. Comprava muambas e revendia para
podermos viver.
A todo custo, meu pai ainda conseguiu me deixar numa escola
particular por mais um ano.
A escola não era tão boa quanto às outras que
tinham quadras, teatro, piscina. Mas dava para o gasto.
Beijos nos pés!