Meu pai era protestante e resolveu ser missionário. Então vendeu tudo o
que tínhamos. Casa, sítio, uma camionete e fomos viver em uma cidade do
interior.
Mudamos no fim do ano. Fomos para o interior de São Paulo e reencontrei aquele amigo por quem
fui apaixonado.
Lembro nessa época que minha mãe fazia marcação cerrada de todos os meus
passos.
Certa vez estava no telhado dançando alguma música e de repente,
avistei minha mãe me olhando. Perguntei o que ela queria, e ela disse que
estava só me olhando.
Nessa época entrei na puberdade e passei por muitas
coisas estranhas. Para começar, foi aí que se intensificou o meu desejo por pés
masculinos. Antes reparava nos pés dos meus tios, mas agora começava a reparar
nos pés dos meus amigos e amigos do meu pai.
Lembro que certa vez cheguei da igreja e fui assistir TV. Lembro que
brinquei de dar esfregadas de solas com o irmão do meu amigo de quem eu
gostava.
Queria mesmo era ter esfregado nas solas do meu amor platônico.
Gostava tanto dele que chegava a sentir ciúmes. Ele se afeiçoou mais ao
meu irmão que era mais velho. Apesar de ter a mesma idade que a minha. Certa vez
tive um ataque de ciúmes e a irmã dele percebeu e ficou falando sobre mim para
as meninas.
Dei muita bandeira naquele dia. Pena que não sabia controlar meus
sentimentos. Acho que isso só acontece quando a gente fica mais velho. Na puberdade
e na adolescência damos muita cabeçada.
Apesar de meu pai ter feito administração de empresas, ele não soube
administrar muito bem seu dinheiro. Toda grana que ele fez com a venda dos
nossos bens, aplicou a maior parte na bolsa de valores e acabou perdendo tudo. Para
piorar, ele acabou não comprando outro imóvel e acabamos tendo de viver de
aluguel.
Nessa época já morávamos em São Paulo capital. Meu pai conciliava o serviço missionário da igreja com viagens ao Paraguai. Comprava muambas e revendia para
podermos viver.
A todo custo, meu pai ainda conseguiu me deixar numa escola
particular por mais um ano.
A escola não era tão boa quanto às outras que
tinham quadras, teatro, piscina. Mas dava para o gasto.
Beijos nos pés!