segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Inicio da decadência


Meu pai era protestante e resolveu ser missionário. Então vendeu tudo o que tínhamos. Casa, sítio, uma camionete e fomos viver em uma cidade do interior.

Mudamos no fim do ano. Fomos para o interior de São Paulo e reencontrei aquele amigo por quem fui apaixonado. 

Quando o vi, esqueci completamente de todas as meninas que tinham passado em minha breve vida.

Lembro nessa época que minha mãe fazia marcação cerrada de todos os meus passos. 

Certa vez estava no telhado dançando alguma música e de repente, avistei minha mãe me olhando. Perguntei o que ela queria, e ela disse que estava só me olhando. 

Nessa época entrei na puberdade e passei por muitas coisas estranhas. Para começar, foi aí que se intensificou o meu desejo por pés masculinos. Antes reparava nos pés dos meus tios, mas agora começava a reparar nos pés dos meus amigos e amigos do meu pai.

Lembro que certa vez cheguei da igreja e fui assistir TV. Lembro que brinquei de dar esfregadas de solas com o irmão do meu amigo de quem eu gostava. 

Dei umas belas esfregadas naquele solão, apesar de sermos ainda pequenos. 

Queria mesmo era ter esfregado nas solas do meu amor platônico.

Gostava tanto dele que chegava a sentir ciúmes. Ele se afeiçoou mais ao meu irmão que era mais velho. Apesar de ter a mesma idade que a minha. Certa vez tive um ataque de ciúmes e a irmã dele percebeu e ficou falando sobre mim para as meninas. 

Dei muita bandeira naquele dia. Pena que não sabia controlar meus sentimentos. Acho que isso só acontece quando a gente fica mais velho. Na puberdade e na adolescência damos muita cabeçada.

Apesar de meu pai ter feito administração de empresas, ele não soube administrar muito bem seu dinheiro. Toda grana que ele fez com a venda dos nossos bens, aplicou a maior parte na bolsa de valores e acabou perdendo tudo. Para piorar, ele acabou não comprando outro imóvel e acabamos tendo de viver de aluguel.

Nessa época já morávamos em São Paulo capital. Meu pai conciliava o serviço missionário da igreja com viagens ao Paraguai. Comprava muambas e revendia para podermos viver. 

A todo custo, meu pai ainda conseguiu me deixar numa escola particular por mais um ano. 

A escola não era tão boa quanto às outras que tinham quadras, teatro, piscina. Mas dava para o gasto.

Beijos nos pés!