terça-feira, 11 de junho de 2013

Escola de padres


Meu pai trabalhou muito para conquistar a sociedade da firma. Então, quando as coisas começaram a melhorar, ele tirou a gente da escola pública e nos colocou em uma escola particular. 

O único problema é que a escola era longe de casa e do trabalho dele. Acabamos ficando lá por apenas um ano letivo.

A escola era fundada por padres. Cursei a 3ª série (4º ano) do ensino fundamental. Lembro da minha professora até hoje. Lembro do dia dos professores que ela saiu abarrotada de presentes. Lembro que dei um conjunto de copos e jarra. A caixa era bem grande e precisava usar as duas mãos para carregar.

No início das aulas, rezávamos. Tínhamos uma agenda de orações. Todo dia líamos alguma coisa. Sempre era um aluno diferente que lia. Tudo era organizado e limpo. 

Tinha piscina olímpica que eu adorava e quadras de vôlei, futebol e basquete. 

Também tinha campo de futebol de terra. A escola era nova e fizeram um diploma de aluno fundador que guardo até hoje.

O lema era ordem e progresso. Isso só poderia ser conseguido através de muita disciplina. A melhor coisa que meus pais fizeram foi nos colocar em escolas particulares. Essa era católica, com direito a capela, padre e coisas do tipo. 

Adorava o uniforme azul, e guardei por muito tempo a camiseta.

No meio do ano, fizeram uma festa junina, na qual eu dancei quadrilha. Uma tia que eu gostava muito e morava conosco, passou carvão para fazer a barba e o bigode. Me senti gente grande. 

Tenho até hoje a foto que tirei com minha parceira de dança. Ela se chamava Claudia e éramos muito amigos. Às vezes brincávamos de sermos namorados, mas éramos apenas amigos. Nunca trocamos beijos ou coisas do tipo.

Quase no fim do ano, uma menina morreu de acidente de bicicleta. A menina foi para uma festa e resolveu pegar a bicicleta da colega emprestada. 

Foi descer uma ladeira e não conseguiu frear. Acabou na sarjeta com traumatismo craniano. Parece que morreu na hora. No outro dia a escola foi uma comoção só. 

Pedia para meu pai comprar uma bicicleta, mas ele sempre dizia que era perigoso. Aproveitou o fato e jogou logo na cara.

Anos depois, fui para casa da minha prima no litoral e acabei usando a bicicleta dela. Mas com autorização. Ela me avisou que o freio estava com problema, mas acabei usando assim mesmo. 

Acabei na sarjeta que nem a menina da minha escola. Tive sorte de não bater com a cabeça na guia.

Olhando a foto que tirei na festa junina, comecei a lembrar de vários colegas que tive. 

Tinha um moreno gordinho que gostava da minha amiguinha Claudia. Ele quase foi par dela na dança, mas acabei me dando bem. Nessa época, já gostava de pés, mas gostava mais do pezão do meu tio, quando ia passar as férias lá em casa.

Como viajávamos muito, estudei em muitas escolas pelo Brasil a fora. Mas lembro especialmente com muito carinho dessa escola. Fiquei só um ano e acabei não fazendo amizade com ninguém. 

No ano seguinte, meu pai nos colocou em uma escola religiosa, mas que ficava perto do trabalho dele.

Beijos nos pés!