sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Fim de infância


Quando estava na 6ª Série, ainda não dava sinal da puberdade. 

Ainda tinha meus amigos de infância, o filho da juíza e outros. Mas meu coração dava indício de querer despertar para a paixão. Meu lado hétero falava mais alto, principalmente por ter vivido aquela experiência com minha prima.

Lembro que esse ano fiquei completamente apaixonado por uma colega de classe. Ficamos amigos, mas ela só queria amizade. 

Eu queria ser seu namoradinho. Dar uns beijinhos, mas ela nem aí para mim. Cheguei a me passar pela melhor amiga dela pelo telefone. Como ainda tinha voz de criança e a menina tinha a voz meio fanhosa, foi fácil de imitar ela. 

Pedi para a menina me dar uma chance e ela disse que no outro dia iria dar a resposta. Então liguei para a amiga dela dizendo que tinha me passado por ela e pedi para a amiga confirmar tudo. 

A amiga disse que não iria mentir e, ao contrário do que esperava, a menina puxou o meu tapete. No outro dia, minha amada me disse um monte de coisas, falou que nunca mais queria me ver. 

Ameaçou contar para a coordenadora e só faltou fazer um baita escândalo. 

Não acredito que quase fui expulso da escola por causa de uma menina que não queria nada comigo. Dá para acreditar?

Ela era filha de uma professora e pediu sua transferência para outra sala. Encontrei com ela uma vez e ela disse que estava adorando a sala nova. Graças a Deus eu já estava em outra. 

Fiquei gamado noutra menina que dançava ballet. Toda bonitinha, de rosinha, cabelos com coque e fita na cabeça, tipo Evita Peron


Meus olhos brilhavam assistindo a menina dançar como bailarina. Teve um concurso para eleger a melhor dança. 

Torci muito para ela ganhar. Mas quem ganhou foi sua irmã mais velha. Quando acabou a premiação, fui até a sua irmã e disse que tinha sido marmelada. Só lembro que ela disse com toda classe que não podia fazer nada se pensava diferente dos jurados. Hoje tenho consciência que fiquei frustrado por que gostava muito da sua irmã, e queria que ela tivesse ganho.

Essa paixão não durou muito porque a menina gostava de outro. Deixou bem claro que estava em outra. Mais um fora em menos de um ano. Até que conheci a Roberta. Começou a fazer aulas de Jazz. Quando vi a menina pela primeira vez meus olhos brilharam. 

Parecia que tinha achado a tampa da panela. Só pensava naquela menina. Ainda não tinha entrado na puberdade e sendo assim, não pensava naquilo! A menina era de outra sala. Ficava com meus amigos na hora do recreio, mas só pensava nela. Morria de ciúmes dela. 

Não queria que meus amigos nem conhecessem ela, pois sentia ciúmes. Enquanto esperava meu pai, ficava admirando suas curvas fazendo dança. Lembro um dia que fui comprar um lanche para ela e sua irmã estava na lanchonete com o namorado. 

Ambos eram mais velhos. Só lembro que ela riu e disse para o namorado que eu estava apaixonado pela irmã. Eu fiquei na minha porque realmente estava. Esse foi o último ano que passei nessa escola porque tive que mudar de cidade. Perdi minhas paixões avassaladoras e meus amigos.

Hoje, me pergunto como um gay pôde ter vivido tantas paixões por mulheres?

Beijos nos pés!