quinta-feira, 1 de agosto de 2013

O filho da juíza


Quando estava na 5ª Série, fiz amizade com um coleguinha de outra sala. Não lembro quando começou. Acho que foi outro colega da minha sala que me apresentou a ele. 


Desde o começo, não tive atração por ele. Nem mesmo pelo seu pé. Acho que algumas pessoas nasceram para serem apenas amigos. Nossa amizade foi crescendo como nunca. Nos falávamos até pelo telefone. Ficamos amicíssimos.

Lembro que certo dia, saímos cedo da aula, e como ele morava a uma quadra da escola, me convidou para ir lá. Quando entramos na sala, tinha um bar. 

Recordo como se fosse hoje, que ele pegou um cálice de licor de chocolate e me deu para experimentar. Lembro até a marca. Achei muito amargo, mas gostei do sabor de chocolate. 

Fomos ao seu quarto de elevador. Nunca imaginei que uma casa de dois andares pudesse ter elevador. 

Parece que a avó dele tinha problemas para subir escadas. Depois fomos para a piscina. Tinha um gramado bom para jogar bola. Apesar que nem ele, nem eu, gostávamos de bola. 

Na Educação Física era um dilema. Só ficava na defesa, porque não sabia fazer nada. 

Ele fazia Educação Física em outro horário. Só lembro que reclamava mais do que eu. Normalmente ele matava aula. 

Esse foi um dos motivos porque ficamos amigos. Enquanto os garotos adoravam futebol, nos gostávamos de outras coisas.

Aprontávamos muito. Um dia matei aula de Educação Física para ir para a casa dele. 

Ficamos pouco mais de uma hora na piscina, mas lembro como se fosse hoje. Pareceu uma eternidade. Nesse dia, levamos outro colega.

Passei da hora de voltar para a escola. Quando vi, já era seis horas. Meu pai já devia estar me esperando em frente da escola. 

Entrei pela entrada dos professores e corri para a saída de alunos. Meu pai já estava impaciente. Disse que estava brincando e não tinha ouvido a buzina do carro. Meu pai nem percebeu meu cabelo molhado. Essa foi por pouco!

Mudei de cidade e perdi o contato. Sei que sua mãe era juíza. Nunca conversamos sobre homossexualidade pois éramos bem pequenos. Sinto até hoje por não ter continuado a amizade com ele.

Beijos nos pés!