Tinha
uns seis anos quando fui passar uns dias na casa da mãe de um tio meu.
A casa
da Vó Maria ficava na frente. Tinha uma casa ao lado com
outra filha e uma no fundo, com mais outra.
Fiquei
alguns dias lá e brincava com um primo de segundo grau.
Cheguei até a dormir no
quarto dele.
Lembro
que certa vez meu tio me levou ao Playcenter e entrei para ver O Mistério da Monga
e comecei a chorar. Era um espetáculo em que a mulher se transformava em
macaca. Lembro até hoje que chorei muito. Isso aconteceu na última noite que
passei lá.
Também
lembro da feira que tinha e ainda tem na rua da minha tia postiça. Adorava quando
ela comprava frutas vermelhas. Ameixa, uva, morango e frutas do tipo.
Na
manhã seguinte, o rapaz que morava na casa da minha tia, me deu uma caixinha de
anel. Quando abri, tinha uma aranha de borracha.
Lembro que fiquei assustado e
chorei. Depois de chorar, meu amigo me disse que era de mentira e que era para
eu guardar de recordação. Guardei comigo por um bom tempo. Mas quando estava
com uns dez anos, resolvi levar para a escola para assustar os coleguinhas. Alguém
tomou e levou para a coordenadora. Acabei ficando sem minha aranha.
Mia
tia postiça me deu outra quando eu disse que havia ficado sem aquela araninha
de estimação, mas não era o mesmo modelo. De quebra, ela me deu umas baratas de
plástico. Tenho até hoje as baratas e a aranha.
Mas sinto falta da minha aranha
de estimação. O cara que me deu acabou ficando meu amigo, mas infelizmente
ficou com depressão e acabou se suicidando. Fiz o possível para ajudá-lo, mas a
depressão foi mais forte.
O
medo inicial que tive da aranha me fez querer me aproximar dela. Meu primeiro
herói em quadrinhos foi o Spiderman.
Até hoje, tenho o maior cuidado para não
matar as aranhas que aparecem em casa. Dias desses, uma araninha teve filhos e
foi filhotes para tudo quanto é lado. Mas a maioria morreu de inanição. Pouquíssimas
sobreviveram.
Meu
herói predileto ainda continua sendo o Spiderman.
Beijos
para o Spiderman.
Beijos
nos pés!