Tinha entre sete e oito anos. Meus pais resolveram colocar meu irmão e eu em uma colônia de férias. A colônia de férias era numa escolinha de criança. Não tinha muitos brinquedos. Depois de uma semana, meu pai trocou por outra colônia que era num clube particular.
Tinha quadras de futebol, de basquete, de vôlei e principalmente piscina olímpica. No começo, não gostei muito. O professor colocava a gente para jogar bola. Além de não saber, não gostava! Sofria bullying toda vez que recusava jogar bola, e os meus colegas às vezes me chamavam de viadinho.
Com o passar do tempo, fui tomando mais desprezo pelo futebol.
O que mais gostava eram as aulas de natação. Na piscina olímpica dava para treinar até saltos ornamentais. O professor ficava só de sunga e tinha belas pernas.
A única coisa que reparava era nos pés dos colegas e dos professores. Tinha um moreno e um loiro.
O que cuidava das crianças menores era o moreno. Era Júlio o nome dele. Tinha umas pernas grossas e peludas.
Seus pés eram bem vermelhos e aparentavam ser bem macios. Gostava também dos coleguinhas, apesar da maioria serem crianças.
Quando fazíamos as aulas de teatro, aí misturavam todas as idades. Só assim podia olhar os pés dos colegas maiores. Meu irmão ficava na ala dos maiores.
No meio do curso de férias, resolvemos fazer uma peça de teatro. Foi um momento muito alegre, pois no tablado, tínhamos que ficar descalços.
Como era podólatra desde pequeno, fazia a festa. No dia da apresentação, passei uma vergonha danada porque bem no meio da peça, esqueci o texto. Meu professor ficou irado. Sentia que ele não gostava muito de mim. Era bem impaciente! O outro professor era mais atencioso e maleável.
Tivemos aulas de primeiros socorros. Lembro que o professor formou duplas e pediu para simularmos um afogamento. Pediu para eu me fazer de afogado e o outro colega tinha que me resgatar.
Tive dificuldade para me fazer de afogado, pois sabia muito bem nadar. Então, o professor impaciente, foi até onde estava e me deu um caldo.
No fim, acabei me afogando de verdade. Aquilo foi a gota d’água para mim. Ainda bem que já estávamos na última semana. Fiz meu pai prometer nunca mais me colocar em colônia de férias nenhuma. A única coisa de bom, foi meu colega que era mais velho que eu, que veio me socorrer de verdade.
Lembro que engoli muita água e tossia para colocar a água para fora. Quase meu colega teve que fazer respiração boca a boca de verdade!
Beijos nos pés!