sexta-feira, 7 de março de 2014

Amigo secreto

No fim do ano, resolvemos fazer um amigo secreto. Foi o mais marcante de toda a minha vida. E o último também. Quando sorteei o nome, adivinhe quem eu peguei? O gato do Eduardo. A maioria dos colegas ficavam dizendo quem tinham pego. Eu guardei segredo até o último momento.

No dia do sorteio, a menina que me tirou deu um chilique dizendo que queria trocar. Fiquei chateado porque imaginava que ela gostasse de mim. Pelo menos como amigo. Sentava ao meu lado. Foi a maior decepção que tive. Vi o desespero dela em querer trocar por outra pessoa. 

Como ela não tinha dito nada para mim, fiz de conta que não era comigo. Mas no fundo, já sabia. Essa foi a última vez que participei de um amigo secreto.

Quando se aproximou o dia, alguns já imaginavam que eu tinha pego ele, porque sabiam de praticamente todo mundo. Teve menina que pediu para eu trocar, imaginando que tivesse pego ele. Eu neguei até o fim. Me vinguei como nunca.



Em compensação, no dia da “confraternização”, eu estava todo feliz. 

Passamos uma lista do que queríamos. Meu amigo pediu um CD de rock. Não lembro o nome da banda, mas foi muito difícil de encontrar. Paguei caro pela brincadeira, mais valeu a pena. 

Quando dei dicas sobre o meu colega, quase todos já sabiam quem era. Lembro do Eduardo abrindo a embalagem. 

Ficou surpreso porque achava que não iria receber o que tinha pedido, porque era uma banda estrangeira. Foi difícil de conseguir e caro. 



Mas dei com todo prazer. Acho que de todos os presentes que já dei na vida, esse foi um dos que me deu mais prazer. Meu colega agradeceu e ficou todo sorriso!

Anos depois, encontrei com ele em outra escola. Já estava no Ensino Médio. Não falou comigo porque acho que não tinha me reconhecido. Acho que tinha vindo pedir transferência, só que ia estudar à noite. Nunca mais o vi.



Beijos nos pés!