domingo, 9 de março de 2014

Posto de gasolina

Continuando a minha saga, hoje falarei do Roberto. Sempre tive fixação por esse nome. Às vezes chegava a pensar que minha cara metade se chamaria Roberto. 


Apesar de viver conciliando o casal perfeito, também cuidava do meu coração. Sentava no fundo da sala, mas não fazia bagunça. Certo dia, reparei num menino que sentava lá na frente. Era moreno, tinha olhos castanhos, cabelos escuros e descendente de italianos. Lembro bem disso, pois nas férias de julho, foi para a Itália.


Como não tinha amizade com quase ninguém, ficou difícil de me aproximar dele. Até que um dia, resolvi levar um livro de escoteiro que tinha umas brincadeiras de adivinhações de cartas. Nesse dia era véspera de feriado e havia poucos alunos na sala. Tomei coragem e sentei próximo dele. 


Comecei a adivinhar as cartas que os colegas tiravam. Queria chamar sua atenção discretamente, sem que ninguém percebesse nada. Quando foi na hora do intervalo, todos saíram e eu resolvi ficar. Passou alguns minutos e Roberto voltou com um colega para fazer não sei o quê. 

Lembro que ele tentou puxar conversa comigo, mas o mala do seu amigo o puxou para irem embora. Fiquei muito chateado porque era a única chance de me aproximar dele. Nisso o tempo foi passando. Então descobri que o pai de Roberto era dono do posto de gasolina perto da escola. Eu morava lá próximo. 


Então, num belo domingo, tomei o ônibus e desci na rua debaixo onde ficava o posto de gasolina. Fiz cara de sem noção e fui subindo do outro lado da calçada. Recebi uma descarga imensa de adrenalina e meu coração batia muito forte. 


Minha respiração estava ofegante. Quando passei bem em frente ao posto de gasolina, lá estava minha grande paixão. Quando ele me viu, andou um pouco até a calçada e ficou me olhando para ver se era eu mesmo. Pensei em acenar para ele, mas como não tinha intimidade,  resolvi só olhá-lo com cara de “sem noção”. 

Ele me olhou e percebi que tirou a mão do bolso para acenar para mim. Como fiquei paralisado, ele também ficou na dele. Fui para casa numa alegria tamanha. Que loucura! Sair em pleno domingo, pegar um ônibus, subir uma ladeira, só para ver um gajo.

Se fosse hoje, talvez fizesse tudo diferente, mas se bem que aquela bobeira ou insanidade, valeu muito a pena! Consegui ver meu amado só de bermuda.



Beijos nos pés!